A primavera chegou, e o Sol está brilhando mais forte do que nunca no horizonte do nosso pequeno planeta azul.. Sinto a grandeza da transformação que está ocorrendo, tanto interna quanto externamente (no planeta como um todo).
Estes tempos tem sido bastante difíceis, dolorosos, tudo muito intenso. As crises, os medos, todas as paranoias vindo à tona. E não teria como ser diferente, as feridas precisam se mostrar, doer, para poder sarar. O que ficou escondido no passado, o que foi reprimido, o que não foi aceito e absorvido, aparece tudo de uma vez, sem dar aviso.
Sinto-me despencando em forma de tempestade..
Quantas dores, quantas lágrimas tenho para colocar pra fora?
É forte, turbulento, dá impressão de que tudo isto não vai passar... O caos parece tão nítido, como o escuro é para a noite.
Mas pensando com calma, mesmo a noite, a densa madrugada, tem estrelas que pingam como véu, e de tempos em tempos, aparece inclusive uma enorme Lua, feito bola de cristal, abajur do nosso céu. Sem esquecer do principal, que a noite prepara o dia pra nascer, e o escuro só é escuro, porque a luz está para chegar, irradiar e preencher.
Os mestres já nos diziam, que o escuro não existe, o que existe, na verdade, é a ausência de luz.
Aos poucos vou percebendo que não precisamos presenciar milagres sob a forma de testemunhas, para crer no Divino, mas é uma questão de sentir que nós somos parte do Divino, somos energia além da materialidade, e cada detalhe, cada flor, cada aroma que posso sentir, toda a existência é um milagre.
Nós nos prendemos, nos apegamos à materialidade, às pessoas que amamos, como se fôssemos todos separados, diferentes, vivendo entre lacunas. Queremos ter garantias de durabilidade e veracidade, queremos promessas, e juras de amor, queremos fazer parte daquela antiga história infantil "e foram felizes para sempre", tudo porque queremos acreditar que somos eternos. Aceitar que a vida é transitória, e que está em constante mutação, às vezes, é bastante difícil.
O eterno está nesta movimentação de energia, que ora se encontra em expansão, ora em retração, e a vida é assim, um mistério, em constante transformação. Importante ter consciência (e cultiva-la) de que nós somos esta energia, nos transformando o tempo todo, e portanto, somos a eternidade, transcendendo o tempo e o espaço como acreditamos conhecer.
E aos poucos vou aceitando todos os sentimentos que estão surgindo, todas as sensações, todos os medos, ao invés de lutar contra eles. Receber o que vier, e deixar passar, deixar ir embora, não me apegar aos sentimentos todos.
Como observar uma nuvem se aproximando, esperar que ela se transforme em chuva, e depois que você se distrai com o refresco da chuva e com a luz do Sol que logo voltou, você percebe que a nuvem já não está mais lá, transcendeu, e finalmente clareou.
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